Pegar veia de crianças para administrar medicamentos é inegavelmente um dos procedimentos mais assustadores para enfermeiros, mesmo para os mais experientes.
Por mais que os enfermeiros dominem as técnicas corretas, a mera visão de agulhas é o suficiente para assustar as crianças e deixá-las em pânico.
Além das limitações referentes ao desenvolvimento do corpo, os pacientes pediátricos também possuem desafios adicionais, como veias mais frágeis e finas ou tecidos com edema. Além disso, com a correria do dia a dia, muitos enfermeiros deixam de usar estratégias que promovem o conforto aos pacientes e facilitam o atendimento às crianças.
Realizar uma punção venosa sem dor é praticamente impossível. No entanto, isso não significa que você não possa fazê-lo de forma segura e adequada.
Confira essas dicas eficazes para deixar suas punções venosas em crianças menos estressantes.
Determine o estágio de desenvolvimento da criança
Cada criança atinge um marco de desenvolvimento específico para cada faixa etária. Assim, o enfermeiro deve levar em consideração a idade e o desenvolvimento corporal.
Isso determinará o local correto do cateter de infusão, o tamanho adequado para ser usado, bem como a maneira como você vai realizar educação em saúde.
Realize a punção venosa em local confortável
Para uma criança, o quarto de hospital é seu “porto seguro” e fazer um procedimento doloroso dentro deste lugar equivale a invadir seu próprio mundinho.
Cada paciente tem suas próprias necessidades especiais. No caso de pacientes pediátricos, o respeito deve ser levado em conta. Via de regra, os procedimentos dolorosos devem ser realizados fora do quarto do paciente ou em sala de tratamento específica designada para esse fim.
Evite imobilizar os membros
A inserção do cateter é uma experiência traumatizante por si só, portanto, imobilizar a criança durante esse procedimento só colocará em risco o desenvolvimento psicológico do paciente.
Por esta razão, não deve ser estimulado o uso de procedimentos de contenção rigorosos para controlar os movimentos corporais do paciente.
Se for considerado necessário, usar procedimentos de contenção menos invasivos, como a “técnica do abraço” e com a ajuda dos pais, proporcionará mais calor e apoio emocional adicional ao jovem paciente.
Use formas criativas de distração
Há uma variedade de maneiras pelas quais uma enfermeira pode distrair uma criança que está prestes a ser submetida à punção intravenosa.
De acordo com especialistas, deixar o paciente soprar bolhas, cantar ou contar à medida que o procedimento de punção progride é considerado eficaz, especialmente para crianças em idade pré-escolar ou escolar.
Em alguns hospitais, o uso de celulares ou tablets como ferramenta de distração ganhou muitos elogios de pais. Algumas instituições hospitalares voltadas para esse público também desenvolveram estratégias interessantes, com a ajuda da tecnologia, como:
Preparo pré-punção: Pacientes e familiares aprendem on-line sobre o procedimento.
Distração: O paciente pode jogar no dispositivo durante a punção.
Educação em saúde: Um especialista em punção em pacientes pediátricos pode ajudar a acessar informações de diagnóstico de enfermagem personalizados para o paciente e a família.
Use torniquete apropriado para o tamanho do seu paciente
Dilatar as veias do paciente pediátrico pode se tornar uma tarefa árdua para qualquer enfermeiro. Aqui a dica é usar um torniquete apropriado para o tamanho do seu paciente e posicioná-lo vários centímetros acima do local da punção.
Certifique-se de que o torniquete não esteja muito apertado ou muito longo, indicado pela pele vermelha ou arroxeada. Você deve ser capaz de distender as veias, mas ainda sentir o pulso.
Para minimizar o desconforto do torniquete, você pode amarrá-lo sobre uma manga ou uma gaze pequena.
Em alguns casos, especialmente com recém-nascidos prematuros, você poderá ver ou sentir as veias o suficiente para acessá-las sem usar um torniquete.
Escolha locais de punção apropriados para a idade
Escolher o melhor local para punção em pacientes pediátricos pode ser muito mais trabalhoso do que o procedimento de inserção real. Aqui estão alguns lembretes importantes para fazê-lo com sucesso:
As veias do couro cabeludo são de fácil acesso e mais apropriadas em neonatos; entretanto, um bebê mais velho pode retirar com as mãos um dispositivo colocado lá.
As veias da mão e do pé são apropriadas para crianças de todas as idades, mas tente usar as veias do pé apenas em crianças que ainda não andam. Se possível, tente não escolher uma veia na mão dominante ou a mão que ela prefere para chupar o dedo.
As veias digitais (veias do pé) são úteis em bebês e crianças mais velhas se outros locais não forem acessíveis, mas se infiltram facilmente porque o local é difícil de imobilizar em uma criança ativa.
O antebraço ou o braço é adequado para todas as crianças, mas as veias podem ser mais difíceis de acessar, especialmente em bebês e crianças pequenas, onde podem se esconder sob a gordura subcutânea. Os locais do braço permitem cateteres de tamanho maior e permitem a mobilidade das mãos.
Os locais antecubitais (veia cefálica, basílica ou cubital mediana) são adequados para todas as crianças e são fáceis de localizar em lactentes. Mas esses locais são desconfortáveis e exigem a imobilização do cotovelo, caso não utilize cateter de boracha. Como este local também é usado para flebotomia e colocação de cateter central de inserção periférica, não deve ser sua primeira escolha.
Deixe os pais ficarem com a criança
Para as crianças com 7 anos de idade ou menos – a presença de um dos pais pode reduzir significativamente a ansiedade. As crianças mais velhas também devem ter a opção de contar com os pais ao seu lado durante o procedimento para fornecer suporte.
Por esse motivo, o enfermeiro nunca deve desconsiderar a participação dos pais nesse procedimento doloroso.
Não dê falsas expectativas
Dar falsas expectativas significa dizer: “não vai doer” ou “essa furadinha no braço vai ser rapidinha”. Como enfermeiros, devemos estar atentos ao modo como nos comunicamos com nossos pacientes, principalmente com pacientes pediátricos.
A dica de ouro é: quanto mais nova a criança, menor a quantidade de informações que você deve fornecer imediatamente antes do procedimento. Seja honesto e tente usar uma forma lógica para definir as expectativas do paciente.
Escolha o cateter de menor calibre
De acordo com profissionais de enfermagem especializados, uma enfermeira deve escolher o cateter de menor calibre (24 ou 22) no comprimento mais curto para permitir a hemodiluição pelo fluxo sanguíneo ao redor do cateter.
Em recém-nascidos, administrar fluidos e medicamentos intravenosos, sangue e produtos sanguíneos por meio de cateter de calibre 24. Em crianças mais velhas, um cateter de calibre 24 ou 22 funciona sem aumentar o risco de hemólise.
Proteja o local IV para evitar o deslocamento
Pacientes pediátricos são naturalmente curiosos e ativos mesmo durante os períodos de internação, aumentando ainda mais as chances de os cateteres intravenosos serem retirados das veias.
Esta é a razão pela qual os dispositivos de proteção transparentes ou bandagens estão sendo recomendados para serem usados para este grupo específico de pacientes. Se o local da punção estiver próximo a uma articulação, também é recomendado o uso de uma placa de braço ou talas com ataduras.
A punção em crianças pode ser bastante desafiadora, especialmente para novos enfermeiros, mas com a prática correta e com essas dicas mencionadas acima, o domínio deste procedimento nunca mais estará fora de alcance.
A enfermagem é uma arte, por isso temos que nos esforçar ainda mais para tornar cada procedimento uma experiência agradável tanto para os enfermeiros quanto para os pacientes que cuidamos.
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Sobre o Autor
É enfermeiro, doutor em Enfermagem pela Universidade Federal de Mato Grosso. Também é Especialista em Saúde Pública e Apaixonado por Blogs, escreveu o seu primeiro na área de enfermagem ainda em 2014.